sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Armas Medievais - Lanças, Piques, Alabardas, etc.

As lanças foram uma das primeiras armas inventadas pela humanidade, senão a primeira. Existem desde os tempos em que nossos antepassados viviam da caça e nos primórdios da humanidade as lanças consistiam de galhos de árvore compridos e retos, com as pontas afiadas por pedras cortantes e endurecidas pelo fogo (a madeira ganha um aspecto vítreo e resistente com esse processo). Posteriormente aprendemos a amarrar pedras lascadas e afiadas na ponta destes galhos, que passaram a ser somente hastes, criando assim lanças de pedra. Também fabricávamos lanças com pontas de osso, material abundante e que também podia ser facilmente trabalhado e afiado com ferramentas rústicas.

Com a descoberta da metalurgia, a humanidade foi desenvolvendo lanças com pontas de metal, começando com as de cobre (fácil de ser trabalhado mas muito maleável, empenando facilmente) e passando por lanças de bronze, ferro e por fim (ao menos até o momento) lanças com ponta de aço.

Homero, na Ilíada, descreve em diversas partes de seu poema épico o uso de grandes lanças com pontas de bronze tanto por soldados gregos quanto troianos.




A própria geometria da ponta foi se aperfeiçoando com o tempo, passando a empregar outras funções além de somente perfurar: as lanças passaram a ter pontas serrilhadas para cortar, pontas em forma de martelo para amassar elmos e escudos, pontas em forma de machado para aumentar o poder de corte (aliando o comprimento da haste com o peso da ponta gera-se muito momento e quantidade de movimento, o que aumenta o poder destruidor da arma) - com isso nasciam as variantes das lanças: piques, alabardas, bardiches, poleaxes, bicos de corvo (bec de corbin) etc.



as partes de um poleaxe (fonte: https://its-spelled-maille.tumblr.com/post/177947907564/what-is-a-poleaxe)


A grande vantagem deste tipo de arma é que não requeriam muito treinamento para serem manejadas, sendo portanto excelentes armas para equipar grandes contingentes de soldados em pouco tempo (pensem, por exemplo, que eram necessários em média 10 anos  para treinar um arqueiro na arte de manejar um arco longo). Outra vantagem importante era a facilidade de fabricação, o que permitia produzir rapidamente uma quantidade suficiente para equipar um exército. Não é à toa que na Ilíada as lanças são mais citadas do que as espadas, por exemplo - aliás, espadas eram armas secundárias, ao contrário do que muitos acreditam atualmente.


Godfrey de Bouillon, o primeiro Príncipe de Jerusalém, empunhando um Martelo Lucerno (uma evolução dos Poleaxes, que enfatizava a parte "martelo" da arma)

Para um guerreiro lutando sozinho contra um inimigo ou uma ameaça qualquer, em combate ou em situações de sobrevivência, estas armas oferecem as seguintes vantagens:

- permitem atacar de longe (arremessando a lança ou não)

- em consequência do item anterior, mantém o inimigo / ameaça afastado

- Suas pontas podem ser usadas como facas / adagas / espadas curtas quando separadas da haste

- Quando usadas por um grupo emassado de soldados tornam-se uma verdadeira barreira de espinhos capaz de conter cargas de cavalarias e com isso impedir que a infantaria seja varrida.


Em uma partida de RPG, eu decidiria o dano do ataque de uma lança, pique, alabarda, etc. com base no material de que a ponta é feita e adicionaria bônus em jogadas conforme a geometria da ponta - por exemplo, um poleaxe teria bônus contra inimigos de armadura (por causa do martelo em sua ponta)  na jogada de ataque versus defesa (como é o caso do "infame" uso do TAC0 no AD&D2e) - talvez seria interessante dar uma certa porcentagem de chance para o poleaxe quebrar o escudo ou a armadura do oponente em um combate. 

Um bec de corbin poderia ter um efeito de prender o inimigo e deixá-lo indefeso ou mais fácil de ser atingido no turno seguinte, por conta de sua lâmina curva em forma de bico (daí o nome), que poderia funcionar como um gancho.

Além disso, eu daria bônus para iniciativa do PJ que portasse uma lança. Se o inimigo estiver portando uma arma para combate mais próximo, digamos, uma espada ou uma maça, a iniciativa seria automaticamente do PJ lanceiro, por conta do alcance da lança (essa regra seria mais fácil de usar se o grupo jogar com miniaturas e grid de combate) . Ao menos no primeiro golpe poderia ser assim, com o lanceiro tendo vantagem. Depois, é razoável supor que, se o inimigo conseguiu se aproximar, a iniciativa passa a ser dele, pois é mais difícil para o lanceiro usar sua lança se estiver muito próximo do inimigo.

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