quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O que está acontecendo com as ilustrações de Magic?

 Saudações, aventureiros, ferreiros e taverneiros!

Este post é uma "continuação" do meu anterior sobre ilustrações de RPG, só que neste aqui eu tecerei minhas opiniões e análises especificamente sobre as ilustrações das cartas de Magic, the Gathering.

Antes, duas observações se fazem necessárias:

1) Não sou jogador de Magic (eu jogava quando era criança, mas só em casa, contra meus irmãos - nunca tive vontade de participar de torneios nem nada parecido). Atualmente me vejo mais como um "colecionador de cartas", mais por conta das ilustrações e por causa da nostalgia. Muito raramente jogo hoje em dia. Gosto de jogar principalmente com as cartas brancas e com as vermelhas. Faz anos desde a última vez que comprei cartas de Magic, e não pretendo comprar novamente tão cedo (joguinho de cartas não é prioridade na minha vida).

2) Eu sei que dizem que "gosto não se discute" e etc. etc. mas este é o meu blog e já deixei claro em outros posts que certas coisas são inegociáveis e que nem tudo é relativo. Beleza é uma destas coisas. Há um nível de subjetividade na beleza como um todo e na beleza proveniente da Arte, mas há uma fronteira além da qual uma "obra arte" é indiscutivelmente feia (não que esta fronteira seja fácil de ser determinada). Pode ser que meus argumentos em relação às ilustrações de magic estejam dentro desta fronteira de subjetividade. Porém, tenho certeza de que há casos pontuais em que as ilustrações das cartas são realmente feias e/ou mal feitas.


Dito isto, vamos à minha breve análise das ilustrações das cartas de Magic:


Magic, nas coleções antigas (as coleções pré-blocos: Alfa, Beta, Revisada, Antiquities, Arabian Nights e a Quarta Edição), ainda não sabia que tipo de jogo gostaria de ser (quanto à lore) e tinha estilos de ilustrações bastante variados, com algumas remetendo a antigas pinturas medievais, outras parecendo copiar o estilo dos quadrinhos de super-heróis, e outras que eu classificaria como "cômicas", quase cartunescas.

É só um exemplo... Esta daqui claramente foi feita para ser "cômica"!

carta do "mago broxa", também feita para ser cômica
Carta muito bem desenhada de um cavaleiro com armadura - típico mundo de fantasia medieval.

Outra carta da primeira edição, com a ilustração de um cavaleiro medieval, muito bem desenhada. Dá pra ver que o desenho foi feito à mão. 

A lendária Lótus Negra, carta muito bem desenhada, bonita, e etc. Ela mostra o quão longe pode chegar a febre do colecionismo - um exemplar da lótus negra da 1ª edição de Magic pode custar até 500 mil reais!!



Nesta época, o mundo de fantasia do jogo era essencialmente medieval. As ilustrações eram no geral bonitas - mas claro que havia exceções. Havia cartas feias, havia ilustrações ridículas, etc. Mas no geral, as cartas eram pequenas obras de arte. 

(Por alguma razão, havia muita influência da literatura árabe não somente nas ilustrações, mas no próprio tema das cartas e, consequentemente, as ilustrações. Houve até uma expansão totalmente baseada nas 1001 noites - "Arabian Nights" - que acho que nunca foi lançada no Brasil, e cada carta dessa edição vale uma pequena fortuna hoje em dia, principalmente as que foram banidas)

Carta com ilustração muito boa parecendo um vitral, da coleção Mirage.

Lembre-se desta versão antiga (anos 90) de Angel of Mercy


Posteriormente, quando começaram a criar uma história própria para o mundo de Magic, mais ou menos a partir da 5ª edição, as ilustrações deram uma melhorada. 

Porém, acho que a partir do bloco Tempest, as coisas já se tornaram cada vez mais "futuristas". O mundo de fantasia medieval foi ganhando aspectos pseudo-futuristas, com "máquinas biológicas", provavelmente inspirados pelo estilo das ilustrações bizarras do Hans Rudolf Giger (um artista extremamente perturbado, assim como tantos outros, mas com um "delta" a mais de perturbação)

Monstro biomecânico

Outro monstro biomecânico


Outro monstro biomecânico, com uma pegada lovecraftiana


Versão do início dos anos 2000 de Angel of Mercy (enfrentando monstros biomecânicos)... comparem com a dos anos 90, acima, vejam a diferença.

Mas tudo começou a degringolar, mesmo, acho que de 2010 para cá, em que o estilo da arte das cartas se tornou cada vez "fotorrealista", com todas (ou quase todas) as imagens sendo feitas em softwares cada vez mais sofisticados, e provavelmente baseadas em fotos reais, na medida do possível. 

Estas duas cartas até que não são mal desenhadas, mas são muito "fotorrealistas". Além disso, as figuras principais parecem que foram coladas por cima do fundo, como se não fizessem parte dele (provavelmente foi isso que o artista fez). 


Mas, na minha opinião, isso tem que ter um limite. 

Por exemplo, será que vai ficar legal se um dia as ilustrações das cartas forem literalmente fotos de pessoas, só que com "efeitos de photoshop" para fazer com que elas se pareçam, por exemplo, elfos? 

Será que vai ficar legal se as cartas que realmente representam seres humanos serem simples fotos de pessoas fantasiadas? 

Será que não vai ficar ridículo?

Enfim, para resumir: antes as cartas eram "charmosas" porque as ilustrações eram claramente feitas à mão e no máximo eram coloridas ou finalizadas com softwares. 

Havia muita arte ali, arte tradicional, que exigia muito talento da parte do artista. Algumas delas poderiam ser impressas em tamanho maior e figurar em exposições de arte e poderiam se passar por pinturas feitas na Idade Média ou até no Renascimento, Expressionismo, etc.  Óbvio que há exceções.

Na minha opinião, esta é a mais bela ilustração de Magic

Essa ilustração não é tão bonita, mas tem um charme, lembra o estilo expressionista

Hoje em dia as ilustrações meio que "perderam a alma" porque parecem ser feitas 100% com softwares e são cada vez mais foto-realistas, aproximando-se cada vez mais do que chamam de "uncany valley". 

Elas realmente parecem não ter alma, parecem ser "frias" e sem vida. Jamais conseguiriam se passar por obras de arte caso fossem impressas em tamanho maior e colocadas em exposição. Óbvio que aqui também há exceções.

Não posso garantir, mas essa ilustração me parece que foi 100% feita em algum "photoshop" da vida (e foi inspirada em um personagem de KOF, provavelmente)

Um bárbaro genérico, mas pelo menos parece que foi desenhado "à moda antiga" e só depois finalizado em um software.

Para finalizar e ilustrar um pouco melhor essa noção de "perda de alma" das ilustrações, comparem as imagens abaixo (duas versões da mesma carta):

Esta aqui é a versão antiga, de certa forma "feia", mas com alma: é um dragão único e diferente


Esta aqui é a versão de 2018 da carta acima, mais bonita, porém meio que "sem alma" - é apenas um dragão genérico



segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Os livros escritos pelo Bardo da Névoa

 Saudações, aventureiros, taverneiros e NPCs em geral!


Neste post, que ficará em destaque, irei manter uma lista atualizada dos livros que escrevi, com os links para as livrarias on-line onde estão à venda. A cada novo lançamento, atualizarei a lista!

Por enquanto, tenho 4 livros publicados!


Capa do último livro publicado até o momento - A Jester's Rulebook


Atualmente, meus livros encontram-se à venda no DriveThruRPG e e na itch.io


Gothic Plot Generator (Gerador de Enredos Góticos) 

(publicado em junho de 2021)

O primeiro livro escrito por mim. Um "randomizador" para criação de aventuras de RPG (ou contos) focados na temática gótica. Centenas de milhares de combinações possíveis! 

Disponível no DrivethruRPG (US$1.99) e no Dungeonist (R$10), em inglês e em português.



The Missing Children (As crianças perdidas)

Uma aventura de temática gótica, passada em um mundo medieval. Sete crianças das vilas de Entre-Rios e Vila D'Orla desapareceram e os aldeões estão tensos. Ao mesmo tempo, os animais estão agindo de maneira estranha, caçadores desaparecem nas florestas, e todos sentem que há um grande mal à espreita. O burgomestre de Entre-Rios recruta os heróis para encontrar as crianças. Será que eles conseguirão?

Disponível no DrivethruRPG (US$4.99) e no Dungeonist (R$25), por enquanto somente em inglês. 

(Tradução para o português ainda em andamento!)


A Little Guide on Town Creation (Um pequeno guia para criação de cidades)

Aprenda a pensar melhor na hora de criar uma cidade para suas aventuras de RPG ou contos, romances, etc. Chega de criar cidades toscas e unidimensionais! Com este livro você será capaz de criar cidades mais completas. Também funciona como um "randomizador" de cidades!

Disponível no DrivethruRPG (US$2.49) e no Dungeonist (R$12,50), em inglês. Versão em português em andamento!



A Jester's Rulebook (Manual de um bobo da corte)

Neste livro eu dou insights sobre como criar personagens da classe "bobo da corte", uma nova classe de personagem jogável criada por mim. Neste livro apresento possíveis regras, como interpretar tais personagens, mecânicas de jogo próprias, alguns itens mágicos que combinam com esta classe, entre outras coisas! À venda no DriveThruRPG (US$ 1.99) e na Dungeonist (R$ 10,00). Por enquanto, somente em inglês! 




Mais livros por vir! Pretendo lançar mais aventuras, livros de regras, um bestiário, cenário de campanha, dentre outros!

Minha meta é publicar 100 livros! 



Ajudem este jovem autor a viver de sua criatividade e eventualmente escapar da escravidão do "8h às 18h"!


*Sobre a Mist Bard Press: é o nome da minha "loja" virtual no DriveThruRPG e no Dungeonist, e futuramente em outros sites. Trata-se de uma "empresa de um homem só", onde eu escrevo, edito e publico meus livros de RPG para ganhar uma renda extra, como todo bom brasileiro batalhador à procura de seu lugar ao Sol! Por enquanto só uso imagens de domínio público, mas está nos meus planos fazer um curso de desenho para um dia usar minhas próprias ilustrações e melhorar  qualidade de meus livros!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Grutte Pier - o grande guerreiro

 Um grande campeão Frísio do século XIII.


"A Bravura de Grutte Pier"


Pier Gerlofs Donia, também conhecido como Grutte Pier (Grande Pedro) foi um guerreiro mercenário Frísio famoso por sua altura e porte físico. Tornou-se célebre no uso da espada Zweihander.



Sua história começa de maneira trágica, quando sua aldeia (Donia)  foi invadida, saqueada e incendiada por um grupo de Lansquenetes mercenários conhecido como "Mão Negra" ou "Batalhão Negro", a serviço dos Habsburgos (os quais muito provavelmente fizeram isto por estarem insatisfeitos com o pagamento que receberam por alguma missão e resolveram "coletar"  a diferença extorquindo os aldeões de Donia). O pano de fundo deste acontecimento era a guerra entre os Habsburgos (reino da Burgúndia) e seus opositores na região da Frísia.


Além da extorsão, a esposa de Pier, Rintze Syrtsema, foi estuprada e morta pelos mercenários. Isto fez com que Pier entrasse na guerra para se vingar, aliando-se ao Duque de Gueldres, Carlos Egmond, e comandando seu próprio grupo, conhecido como o "Bando Negro". 
(pelo visto o pessoal não era muito criativo para inventar nomes para grupos mercenários na época)


Pier atuou contra os Habsburgos e contra os Burgúndios por terra e principalmente por mar, tendo sido um pirata notável, tornando-se célebre pela captura de vários navios inimigos. 

Nas batalhas em terra, seu exército arrasou e pilhou diversas cidades holandesas, como Asperen, Alkmaar e Midelburg.

Em dado ponto de sua "carreira", ele supostamente se auto-entitulou "rei dos Frísios". De certa forma, o povo o exaltava e realmente o considerava um rei.



Grutte Pier foi invicto, tendo lutado e vencido dezenas de batalhas. 

O povo frísio o adorava e o saudava onde quer que passasse, e várias coisas foram ditas a seu respeito, exaltando sua estatura e sua força. 

Hoje em dia tem uma cerveja com o nome dele. Legal que colocaram a espada no rótulo!

Era dito pelo povo que Pier era capaz de lutar empunhando uma Zweihander com apenas uma das mãos. Era dito também que ele seria capaz de dobrar moedas apenas com os dedos de uma só mão. E o povo também dizia que ele era tão forte que em sua fazenda era ele mesmo quem puxava o arado, sem precisar usar cavalos! 

Uma magnífica espada zweihander que supostamente pertenceu a Grutte Pier. Notem, pelo tamanho, que realmente é possível decapitar várias pessoas de uma só vez com um golpe desta espada.

Surpreendentemente, Pier morreu tranquilamente em sua cama, após "se aposentar" da guerra (ele retirou-se das batalhas, desiludido, ao ver que, no fundo, sua causa era perdida perante o imenso poderio dos Habsburgos). 
Quando morreu (provavelmente de causas naturais, pois é dito que morreu na cama), Grutte Pier tinha 40 anos de idade.

É atribuído a este grande guerreiro o lema abaixo:

"Leaver dea as slaef" ("Melhor ser morto que escravo").