segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Os livros da Fighting Fantasy (Aventuras Fantásticas)

Escrevi esta postagem inspirado por esta recente do site d30, referente aos 40 anos da série Fighting Fantasy.

Acho que todo mundo que joga RPG conhece os livros-jogo da Fighting Fantasy (publicados aqui com o nome de Aventuras Fantásticas), escritos por Ian Livingstone e Steve Jackson.

Esses maravilhosos livros-jogo eram a alegria da garotada na biblioteca da escola onde estudei. Lembro-me que havia uns 6 exemplares destes livros, e eram os mais solicitados da biblioteca. 

Não lembro de cabeça todos os que havia lá, mas lembro de que um deles era o "Ladrão da Meia-Noite" e outro era "A nave espacial Traveller". E, se não me falha a memória, o livro mais requisitado era o "Ladrão da Meia-Noite". 

Hoje em dia tenho uma pequena coleção destes livrinhos em casa. A maioria comprei em "sebos de rua" (é assim que eu chamo quando encontro livros sendo vendidos em toalhas estendidas numa calçada, geralmente por vendedores de bugigangas e sucatas), e pelo site Estante Virtual (para quem não conhece, é um market place focado em sebos). 

Sempre que posso, procuro comprar os antigos, com as artes "old school" na capa. Hoje em dia eles estão sendo republicados pela editora Jambô, mas com uma arte muito "moderna" para o meu gosto (e pelo visto, para o gosto de mais pessoas, pois já vi reclamações neste sentido na internet, da arte estar muito "new school"). 

Vejam, por exemplo, a capa old school do livro "A Mansão do Inferno":



E agora vejam a capa da versão atualmente comercializada pela editora Jambô:



A diferença é clara. Na versão old school, além da arte ter aquele charme típico das ilustrações da época (tem uma certa aura "artesanal", se é que me entendem), ela tem algo a ver com a história do jogo. Tem um demônio na capa, umas árvores sinistras e no fundo a mansão mencionada no título. Na versão "new school", além da arte ter aquele jeitão artificial de ter sido feita 100% numa mesa digitalizadora e depois passada num photoshop da vida (com todo o respeito ao artista), ela não tem muito a ver com o conteúdo do livro. 

Para dar o braço a torcer, imagino que esta imagem seja uma referência direta à primeira cena da história (como é logo na primeira ou segunda página, não é spoiler): você está dirigindo o carro no meio de uma tempestade e quase atropela alguma coisa. A capa talvez mostre esta "coisa" que você quase atropelou, e certamente mostra que está chovendo. 

(É, imagino que seja isso que a capa nova represente, e no fundo da imagem dá pra ver que tem uma sombra que lembra o contorno de uma mansão, mas mesmo assim julgo que a arte da capa desta versão nova foi uma escolha infeliz, no sentido de que poderia ter sido MUITO melhor).

Por este motivo, prefiro os antigos. Mas, até onde sei, a arte das ilustrações internas dos livros não mudou, e todos os que eu vi até hoje têm ilustrações muito boas e com um estilo mais para o lado dark fantasy (monstros bem feios, um pouco de gore, mas sem exageros) e com aquele charme de ilustrações artesanais, provavelmente feitas a nanquim.

O sistema de jogo é bem simples e funciona muito bem, com o personagem do jogador tendo pontos de Energia (pontos de vida), Habilidade (para as lutas e praticamente qualquer situação) e Sorte (usada em momentos específicos de cada livro e também como forma de o jogador ter uma segunda chance em jogadas ruins em lutas). Algumas aventuras ainda incluem mecânicas extras próprias - é o caso de "A Mansão do Inferno", que inclui a mecânica de pontos de Sanidade, por exemplo, e "A Nave Espacial Traveller", onde você tem de fato uma tripulação e os membros desta têm funções diferentes que são úteis conforme o momento da aventura (engenheiro, cientista, etc). 

Para jogar estes livros só se usa papel, lápis e 2 dados de 6 faces. Este é, na minha opinião, um sistema que deveria servir de exemplo para jogos de fantasia em geral (não sou muito fã de ter que consultar dezenas de tabelas), e os livros ainda têm números aleatórios em suas páginas, para ajudar os jogadores que porventura não tenham dados ou em situações onde seu uso seria inconveniente (por exemplo, caso você queira jogar em um ônibus durante uma viagem). A ficha de personagem (em branco) vem inclusa no próprio livro, e os valores de Energia, Sorte e Habilidade são sorteados antes de se jogar a aventura, numa jogada de 2d6. 

Outra coisa que gosto muito nesta coleção, além da simplicidade das regras, é sua praticidade: os livros são pequenos e cabem até no bolso da calça, então dá para carregar um desses e jogar em qualquer lugar.


Minha coleção atual inclui:

A cidade dos ladrões (editora Jambô) - aventura bem legal na cidade mais famosa do mundo da Fighting Fantasy: Porto Black Sand!

Criatura Selvagem (editora Jambô) - um dos mais interessantes que eu já joguei, pois você joga do ponto de vista de um monstro.

A nave espacial Traveller (editora Jambô) - aventura de ficção científica bem bolada, cheia de situações bizarras.

A Mansão do Inferno (editora Jambô) - esse é bem difícil!  Joguei e rejoguei e morri várias vezes até achar o caminho certo dentro da mansão. Este aqui é o favorito de muitos, e já vi "livros virtuais" feitos por fãs da Fighting Fantasy que se passam no "mesmo universo" deste aqui. Como eu escrevi acima, este tem uma mecânica de pontos de Sanidade que torna a aventura mais difícil e tensa, e você pode literalmente morrer a qualquer momento quando sua sanidade fica muito baixa.

As Cavernas da bruxa da Neve (editora Jambô) - aventura high fantasy bem legal. 

A Cripta do Vampiro (edição old school) - livro que bebeu da fonte de Drácula, e tem uma mecânica interessante de itens abençoados, maldições, fé, etc. É como se fosse uma aventura de Ravenloft para jogar sozinho. Muito bom. Li em algum lugar que tem uma continuação, mas acho que não foi publicada no Brasil. 

Ladrão da Meia-Noite (edição old school) - o meu favorito, desde que eu era criança e pegava esse livro na biblioteca da escola. Gostava tanto desse livro que na sexta série escrevi a minha própria versão dele em um caderninho durante as aulas.

O Templo do Terror (edição old school) - comprei de um vendedor na rua e ainda não joguei, mas sei que é um dos favoritos do pessoal.

O Feiticeiro da Montanha de Fogo (edição old school) - outro que comprei na rua e ainda não joguei, e sei que é muito querido mundo afora.

RPG e Aventuras Fantásticas - uma introdução aos Role Playing Games (edição old school) - esse é um livro em que o autor fala sobre jogos de fantasia e RPG de modo geral, e traz uma mini-aventura. Bem interessante! Também comprei na rua.

Enfim, meus caros 9 leitores e meio (um deles é um Hobbit), gosto muito destes livrinhos, e sempre que vejo algum sendo vendido na rua eu tento comprar, caso tenha dinheiro no momento. 


Quais livros da Fighting Fantasy vocês já jogaram? Quais são os seus favoritos?


Até a próxima! Que as brumas não nos alcancem!



quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Literatura Medieval - A saga de Hen Thorir

 Aconcheguem-se perto da fogueira, meus amigos, o bardo vai contar mais uma história.

Hoje será contada a Saga de Hen Thorir, um personagem singular das sagas islandesas. Esta foi a primeira saga que li (no livro "Eirik the Red and other Icelandic Sagas"). 

Trata-se de um relato de acontecimentos nas vidas de pessoas comuns, e é justamente isto que a torna tão interessante aos meus olhos, pois mostra um pouco de como era a vida naquela época...


Um pequeno mapa da região de Borgafjord, onde se passa esta saga

Segue um resumo (bem resumido!) desta interessante história (e vocês verão como que, embora algumas sagas sejam curtas, muitas com menos de 50 páginas, são textos bastante densos, pois quase não há descrições das coisas... como eu já escrevi aqui antes, este é um gênero literário bastante direto ao ponto, com fatos atrás de fatos, quase ininterruptamente, o que contribui para a densidade de tais obras).

Esta saga (e muitas outras) pode ser lida na íntegra neste site, em inglês, alemão e islandês:  https://sagadb.org/haensna-thoris_saga.en

Quem quiser ler a saga por conta própria, pare de ler o post a partir daqui e volte somente na parte onde teço meus comentários.


A saga começa falando sobre o personagem-título, Hen Thorir ("Hen" vem de galinha mesmo) - considerando que "Thorir" era (é?) um nome bastante comum entre os escandinavos (ao menos o radical "Thor" parece ser comum nos nomes), ouso dizer que se esta história se passasse em algum país lusófono, seu apelido provavelmente seria algo como "Zé Galinha"!

Thorir era um mercador que ficou célebre por ter vendido galinhas em determinada época (daí seu apelido "Hen") e não era um homem bem quisto por seus pares na Islândia  - fica subentendido que era por conta de sua avareza e ganância (e talvez porque ele fosse um negociador "jogo duro"). 

Acontece que Thorir obteve sucesso em seus negócios, se tornando um rico fazendeiro, e credor de vários homens importantes nas redondezas. Ele faz um acordo com Arngrim, um chefe local de relativa importância: em troca de Thorir criar e cuidar de seu filho (e deixar -lhe metade de sua fortuna como herança), Arngrim deveria apoiar Thorir em todos os assuntos legais, sempre que este fosse exigir seus direitos, cobrar dívidas, etc.

Em uma fazenda vizinha à de Thorir, o senhor das terras, Blund-Ketil (o qual, convém dizer, era muito rico e muito bem quisto por seus pares naquela época), instrui seus servos para que sacrificassem alguns animais do rebanho para que economizassem  palha, pois o inverno se aproximava e seria bastante rigoroso. Os servos o desobedeceram (ou esqueceram suas ordens) e a palha daquela fazenda praticamente acabou às portas do inverno. Blund-Ketil precisou então cavalgar até a fazenda de Hen Thorir, e lhe pediu para comprar um pouco de sua palha (era sabido nas redondezas que Thorir possuía um armazém cheio). 

Thorir, por pura má vontade, se recusou a vender, alegando não precisar de dinheiro. Blund-Ketil ofereceu pagar o dobro do preço justo, alegando que seus animais morreriam de fome no inverno e isso seria um desastre para sua fazenda. Thorir permaneceu incólume, totalmente insensível aos apelos do vizinho. Foram-lhe oferecidas outras coisas (mercadorias, ferramentas, e até uma parte da produção de palha do ano seguinte das fazendas de Blund-Ketil), e Hen Thorir não mudou de ideia em momento algum.

Blund-Ketil, sem opção, resolveu que iria pegar a palha à força, pois do contrário seus animais morreriam e sua família passaria fome no inverno. Adentrou o armazém de Thorir com seus homens, recolheu a palha que precisava e deixou o dinheiro do pagamento no local. 

Hen Thorir ficou furioso, e tentou convencer alguns de seus conhecidos de que havia sido roubado. Porém, mesmo aqueles que tinham algo contra Blund-Ketil não quiseram tomar o partido de Hen-Thorir (ele era mesmo mal visto entre os homens da época, enquanto que Blund-Ketil era honrado e muito bem quisto). 

Eventualmente Thorir consegue o apoio de Thorvald Oddson, filho de Odd Onundarson (também conhecido como Tungu-Odd, este homem era uma espécie de "autoridade portuária" e tinha uma pequena rixa com Blund-Ketil) em troca de metade de sua fortuna. O tempo inteiro, Arngrim, "aliado" de Hen Thorir, tenta convencê-los a não levar aquela vingança adiante, mas seus conselhos caem em ouvidos moucos (aqui cabe relembrar: Arngrim era um chefe local que havia feito uma aliança política com Hen Thorir: ele receberia metade da fortuna do comerciante e seu filho seria criado por ele, e em troca Arngrim teria que defender os interesses de Hen Thorir perante os outros homens sempre que este precisasse)

Thorvald e Thorir reúnem um grupo de 30 homens e vão até a fazenda de Blund-Ketil par.a acusá-lo de roubo e formalizar que irão submetê-lo à assembleia geral ("Althing") para que o mesmo fosse julgado. Ketil diz que não fez nada de errado, e novamente oferece pagar mais do que o preço justo pela palha. Thorvald fica inclinado a aceitar a oferta, mas Thorir exige que eles continuem em frente com a acusação.  Thorvald então usa palavras bem duras para acusar Blund-Ketil de ter roubado a palha de Thorir, o que muito ofende o fazendeiro. 

Acontece que hospedado na casa de Blund-Ketil estava Orn, um mercador norueguês (que havia sido vítima da má vontade de Tungu-Odd, o qual proibiu que os mercadores do porto de Borgafjord fizessem comércio com Orn), o qual resolve tomar as dores do fazendeiro. Ele saca um arco e dispara, matando um dos homens do bando de Hen Thorir. Ele matou ninguém menos que Helgi , o filho de Arngrim que estava sendo criado por Thorir. 

Hen Thorir aproveita a situação e mente dizendo que as últimas palavras do garoto foram de que ele desejava que a fazenda e a família de Blund-Ketil fossem queimadas, como vingança. Assim, naquela mesma noite, o bando volta à propriedade de Blund-Ketil e ateia fogo à casa e às plantações, matando a todos, inclusive o velho e bem quisto fazendeiro.

O filho de Blund-Ketil, Herstein Ketilson, fica sabendo do ocorrido, e junto de seu "pai adotivo" Thorbjorn começam a recrutar a ajuda de outros fazendeiros e senhores de terras locais para executar a vingança contra Hen Thorir. O primeiro a ser chamado é, ironicamente, Tungu-Odd (pois Thorbjorn tinha boas relações com o mesmo), o qual se aproveita para tomar posse das terras de Blund-Ketil (como vingança pelo bom fazendeiro ter ajudado Orn, o mercador norueguês). 

Eventualmente, Herstein e Thorbjorn conseguem aliados usando um interessante estratagema: Thorbjorn visita Gunnar Hlifarson, outro senhor de terras, e alega que Herstein estava muito ansioso para se casar com sua filha, Thurid, e que seria um excelente negócio aceitar aquela proposta, pois ambas as famílias se beneficiariam. 

Um pouco hesitoso, Gunnar aceita a ideia e se compromete a permitir que Herstein se case com Thurid. Neste momento é-lhe revelado que o pai de Herstein havia sido queimado até a morte pelo bando de Hen Thorir, e Gunnar percebe que foi feito de trouxa, pois agora que havia prometido sua filha em casamento, estava legal e moralmente obrigado a ajudar Herstein em sua vingança (dívida de honra) - Gunnar lamenta ter aceitado tão rápido a proposta e se sente tendo sido feito de idiota, mas já era tarde para voltar atrás. 

Assim, no dia seguinte, a comitiva vai até as terras de Thord Bellow, pai adotivo de Thurid, para pedir sua permissão e sua bênção para que o casamento ocorra. Thord é enganado da mesma maneira que Gunnar, aceitando que o casamento ocorresse o mais rapidamente possível, e com a cerimônia sendo celebrada em sua fazenda. Com isso, Thord Bellow também é legal e moralmente envolvido na vingança pela morte de Blund Ketil (e também se lamenta de ter concordado tão apressadamente com o casamento).

No casamento, os personagens principais fazem juramentos de vingança contra Hen Thorir e seus aliados (inclusive contra Arngrim). Thorir fica sabendo do ocorrido, e fica foragido.

Todos os envolvidos na vingança  juntam um pequeno exército de homens (por volta de 240) e partem à procura de Hen Thorir. Os demais envolvidos na morte de Blund-Ketil (Odd e Arngrim) também juntam um exército (cerca de 480 homens). Os grupos rivais se encontram e uma pequena batalha é travada, com alguns mortos e muitos feridos. 

Hen Thorir, posteriormente, tenta emboscar Herstein, pagando a um camponês para que inventasse uma desculpa para levá-lo até o meio de um bosque (onde Thorir e seus homens estariam esperando). Porém, Herstein enxerga, de longe, o brilho de um escudo no meio das árvores e percebe o engodo. Dá meia-volta, reúne um grande número de homens e volta para o bosque, onde trava uma curta batalha contra o bando de Hen Thorir, decapitando-o e matando seu bando.

Posteriormente, na Assembleia Nacional (Althing), Herstein chega, triunfante, carregando a cabeça de Hen Thorir. No mesmo dia, Arngrim é declarado fora-da-lei, e Odd é sentenciado  ao exílio.

(e a saga continua contando os destinos dos filhos dos principais personagens)

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Foto de um raro exemplar de um livro publicado pela Byway Press USA em 1903, contendo esta saga. Notem as belas ilustrações nas margens. Um pequeno tesouro literário 

Após este "breve resumo", seguem as minhas anotações:

Embora eu acredite que alguns pontos da história possam ter sido, de certa forma, exagerados, acho que podemos dizer que se trata de um registro autêntico dos costumes, leis e modo de vida dos primeiros islandeses. Vejamos:

- A assembleia-geral islandesa (Althing) atuava como poder legislativo e poder judiciário, fazendo leis e julgando processos e dando sentenças condenatórias. Não creio que funcionasse perfeitamente, mas afinal qual sistema de governo funciona com perfeição?

- Pelo visto havia o costume de dar um filho para que outro parente (ou outro chefe de clã) criasse, para forjar alianças políticas. É o caso do filho de Arngrim, que é criado por Thorir em troca de proteção política para este, e também o caso da filha de Gunnar Hlifarson, que é criada por Thord Bellow.

- Disputas entre chefes eram resolvidas, de certa forma legitimamente, pela força das armas. Isto fica claro quando Herstein é recebido com honras na assembleia ostentando a cabeça de Hen Thorir.

- Os islandeses davam muita importância à hospitalidade e à generosidade. Tratar mesmo um desconhecido com total indiferença era algo mal visto por aquela sociedade - isso provavelmente se dava pelas terríveis condições naturais na Islândia... se o pessoal não tivesse o costume de se ajudar pelo menos oferecendo abrigo e comida, provavelmente não iria demorar muito para não sobrar mais ninguém na ilha! 

- Pelo visto bastava clamar um lote de terra como sendo seu perante algumas testemunhas para que ele passasse a ser legalmente seu. É o que ocorre quando Tunga-Odd reclama como sendo sua a terra da fazenda de Blund-Ketil após a morte deste, e na frente do filho do falecido, ainda por cima! Eu li em algum lugar que isto era uma espécie de ritual para tomar posse da terra "espiritualmente", como se amaldiçoasse outras pessoas que tentassem tomá-la, então para mim não ficou claro se a terra de Blund-Ketil passou a ser legalmente de Tunga-Odd ou não...

- Uma coisa que pode causar confusão: Arngrim é referido, na versão em inglês, com o título de "Priest", que geralmente é traduzido como "padre" (embora o mais correto seja sacerdote). Mas em islandês seu título é "Goði", o que não deixa dúvidas de Arngrim se trata de um sacerdote pagão (e os Goði também exerciam poderes políticos na Islândia medieval, o que confirma que Arngrim era um senhor de relativa importância na época da saga)