quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Armas Medievais - a Espada Zweihänder


Saudações, nobres aventureiros!


 Mais uma vez venho vos trazer um pouco de conhecimento acerca de uma gloriosa arma: a espadZweihänder.



Esta arma (cujo nome significa simplesmente "duas mãos" em alemão) tornou-se célebre no período Renascentista, época em que foi muito usada principalmente pela infantaria da linha de frente dos exércitos germânicos do Sacro Império Romano Germânico e por seus mercenários Landsknechts (literalmente "empregados da terra" ou "empregados rurais" ou "empregados do campo").




Estas grandes espadas mediam entre 1,5m e 1,8m (sendo pelo menos 1,2m de lâmina!) e pesavam em torno de 3kg. Eram carregadas no ombro e não em uma bainha, devido ao seu tamanho. Por causa de seu peso, deveriam ser usadas com as duas mãos (conforme o nome da arma sugere!)

A porção da lâmina que ficava logo após o guarda-mão não era afiada (Fehlschärfe - literalmente "sem afiação") e poderia ser segurada com uma das mãos, permitindo ao Landsknecht usar sua Zweihänder quase como uma lança - e os "ganchos" (Parierhaken) que havia nos dois lados da lâmina serviriam como um segundo guarda-mão, para impedir que as mãos do guerreiro fossem feridas por alguma outra lâmina que se chocasse e deslizasse pela espada. Estes ganchos também poderiam servir para capturar armas inimigas.  


Armados destas formidáveis lâminas, os soldados alemães quebrariam formações de piqueiros inimigos, primeiro destruindo os piques e em seguida atacando os piqueiros desarmados.

Creio que esta grande espada combinasse o poder de corte da lâmina e seu próprio peso, criando grande Quantidade de Movimento (Q=m*v), o que explicaria seu uso para quebrar piques (muito provavelmente as hastes de madeira). 

Talvez uma arma de qualidade inferior à da Zweihänder que ficasse presa pelos Parierhaken pudesse ser quebrada pela mera torção da lâmina (aplicando o Momento gerado pela torção e o princípio da alavanca), mas isto é uma teoria minha.

Em um jogo de RPG, além do dano da Zweihänder (geralmente 2d6), eu colocaria uma % de chance da arma do inimigo ser capturada e um outro % de chance (menor) da mesma ser quebrada (tanto pela força do golpe quanto pela torção da lâmina quando a outra arma estiver presa nos Parierhaken). Isso daria um sabor a mais à dinâmica de combate do jogo.

4 comentários:

  1. Saudações, Bardo da Névoa !

    Mui excelente postagem sobre mais outra dessas incríveis armas que faziam parte do arsenal bélico dos antigos guerreiros da Europa.

    E agora foi a vez de termos uma espada germânica figurando como objeto da sua análise metódica.

    As espadas em geral talvez sejam o tipo de arma mais emblemático no contexto da história humana, figurando em muitas tradições, culturas e mitologias, tornando-se assim quase um símbolo do desenvolvimento tecnológico de uma sociedade, por se tratar de um artefato representativo do progresso alcançado.
    Em outras palavras, as espadas estão nitidamente associadas ao progresso, pois refletem o nível do conhecimento que um determinado agrupamento humano foi capaz de atingir ao tornar-se capaz de confeccionar esse tipo de artefato essencialmente bélico.
    E quanto mais avançada a organização social, mais refinada e mais sofisticada são as espadas ali produzidas e fabricadas.
    Por sua vez, tal é o aspecto altamente simbólico desse objeto que ainda hoje tem o seu uso frequente em cerimoniais, servindo também como emblema para condecorações em certos casos.

    Essa espada Zweihänder, embora não aparente possuir a mesma elegância peculiar de outros modelos de espadas, dado o seu aspecto rústico, foi, com certeza, um pesadelo para aqueles que tiveram o dissabor de sentir-lhe o poder da lâmina.
    E os inimigos do lendário Grutte Pier (Pier Gerlofs Donia), o mais famoso manipulador de uma Zweihänder, que o digam.

    Citação : "Donia era conhecido pela habilidade em manejar sua grande Zweihänder com uma mão apenas, tão eficientemente que decepou múltiplos oponentes com um único golpe, feito nunca antes visto e nunca depois repetido com sucesso."

    E nestes atuais tempos de absoluta e vergonhosa submissão aos ditames dos patéticos e disformes dirigentes globais, fica aqui a máxima do valente guerreiro da Frísia :

     "Leaver dea as slaef" ("Melhor ser morto que escravo").

    Os incontáveis e anestesiados cidadãos ao redor do mundo sequer são capazes, ao menos, de considerar o significado mais simples de um tal slogan, posto já estarem todos devidamente vacinados contra a coragem.

    Tony

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  2. Obrigado por mais um comentário, Tony. De fato a espada é a arma mais simbólica que existe, amplamente usada como figura de linguagem (Espada da Justiça, Espada de Dâmocles, "Não vim trazer a paz, mas a espada", etc.) em diversos textos que a humanidade produziu.

    Pretendo escrever sobre o formidável Grutte Pier, o guerreiro que você mencionou. E concordo com você, a máxima do valente Frísio é bastante adequada aos dias de hoje. Infelizmente, a maioria está vacinada contra a coragem, e contra outras Virtudes também.

    Em tempo, sempre me esqueço de perguntar isso, mas como você encontrou meu blog?

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    1. Salve, Bardo da Névoa !

      Muito bom saber que um artigo sobre o formidável e lendário Grutte Pier está em seus planos para uma futura postagem aqui no blog.
      Afinal, tão emérito guerreiro não teria mesmo como ficar de fora de um blog que também trata de questões relacionadas à Era Medieval - com grande ênfase para os armamentos da época.

      No que concerne à sua indagação, dir-lhe-ei que volta e meia perambulo aqui e ali por diferentes blogs e sites buscando informações pontuais sobre assuntos que são do meu interesse.
      Entretanto, são pouquíssimos aqueles que levo à sério, dado o nível lamentável das matérias, dos participantes e até dos próprios donos desses veículos.
      E em termos de blog, só levo em consideração e só comento mesmo à sério aqui neste seu espaço e, também, no blog "Bruce Lee In Focus" - onde eu comento com o meu nome original (Tony é o meu apelido).
      Aliás, fiz uma menção ao seu blog, "Bardo da Névoa", na última postagem lá no Bruce Lee in Focus. Se quiser, dê uma conferida. Praticamente em todas as postagens há sempre um comentário meu por lá.

      Quanto a forma como conheci o "Bardo da Névoa", é simples: em um dos blogs que eu frequentava ocasionalmente tinha um comentário seu informando sobre a existência do mesmo.
      Vim aqui conferir o conteúdo e achei bem bacana e diferente, porque tratava de coisas (como os armamentos medievais) que eu nunca tinha lido em outro lugar.
      Também curti a forma como as matérias aqui apresentadas são escritas.

      Tony

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    2. Obrigado pela consideração, Tony.

      Este blog nasceu com o intuito de ser dedicado a Ravenloft, um cenário de campanha de D&D focado em terror gótico. Porém, por mais que eu goste desse jogo, percebi que não tenho disposição para escrever só sobre isso (até porque é um assunto bem limitado e eu acabaria falando sempre mais do mesmo), e aos poucos fui incorporando crítica literária e agora também análise de armas antigas. Ainda há outros assuntos sobre os quais escreverei aqui, aos poucos.

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