quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

O Paradoxo dos RPG

Se considerarmos que nosso hobby é basicamente um jogo de contar histórias cuja principal ferramenta deve ser a imaginação dos jogadores e do mestre, fica um pouco estranho pensar que há tantos suplementos além dos livros de regras básicas sendo vendidos.

Por um lado, eu entendo a necessidade da indústria do RPG de gerar e ganhar dinheiro, para manter-se viva, manter autores escrevendo e publicando, manter um fluxo de novidades, etc. tudo para atrair mais público, manter o público já existente, divulgar mais, promover eventos, gerar interesse, etc.

Agora, por outro lado, o excesso de suplementos de RPG trazem 3 problemas, a princípio:

 - muito dinheiro gasto com o hobby;
- dificuldade de acompanhar as novidades e manter o jogo realmente atualizado (isso é importante para alguns); e
 - excesso de regras que podem limitar a imaginação dos jogadores e do mestre.

Eu creio que seja humanamente impossível jogar uma partida de D&D realmente utilizando todas as regras existentes para cada classe e subclasse de personagem criada até o momento, e nem acho que seria saudável para o jogo, pois ficaria muito travado e burocrático. Eu acho que todo mundo acaba fazendo a mesma coisa: pega algumas regras básicas para o jogo não virar bagunça e o resto é resolvido no bom senso ou nas house rules de cada um.

Eu sou do tempo do AD&D 2ª edição, tenho o Livro do Jogador e o Livro do Mestre, e acho que nunca li estes livros por completo, e nunca cheguei nem perto de usar um quinto das regras que existiam nesta edição. Muita coisa era adaptada na hora, conforme o que fizesse mais sentido para a história, bom senso, não estragar o jogo, etc. Várias vezes ignorei algumas regras para manter o bom andamento da aventura, várias vezes pesei a mão em algumas outras para manter jogadores na linha, e é bem por aí. Aliás, na maior parte do tempo eu só tive o kit First Quest para jogar, com um livro de regras enxuto de 16 páginas... Para mim esse deveria ser o padrão das regras dos RPG: simples e diretas, com problemas específicos resolvidos na hora pelo mestre.

Sendo assim, para mim é meio paradoxal que um jogo de imaginação tenha tanto material publicado adicionando novas regras.  Acho meio contraproducente, acho exagerado, mas é aquilo: compra e usa quem quer.

Enfim, desde que deixou de ser uma brincadeira de uns adolescentes num porão numa cidadezinha dos EUA, o RPG é uma indústria, é um comércio, e eles têm que manter as engrenagens funcionando e o dinheiro circulando. 

O show tem que continuar.


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