Leão foi um reino da Península Ibérica, fruto das Guerras de Reconquista, o qual existiu de 910 até 1230, quando foi absorvido pela última vez pelo Reino de Castela (mas, formalmente, só deixou de existir como "reino" em 1833 - durante todo este tempo os reis da Espanha possuíam, em seus títulos, o de "rei de Leão"!).
Seu território abrangia o norte de Portugal e o Noroeste da Espanha (em suas constituições atuais).
Sua história foi relativamente breve e muito conturbada, marcada por várias guerras fratricidas - o território de Leão foi alvo de muitas disputas entre herdeiros reais dos reinos de Castela, Galícia e Astúrias e em diversas ocasiões de sua história, Leão fez parte do Reino de Castela e do Reino de Galiza.
A origem do reino, ao menos de sua configuração territorial, foi por ocasião da transferência da capital do reino das Astúrias de Oviedo para a cidade de Leão, o que lhe conferiu maior importância política e plantou as sementes do futuro reino.
Seu primeiro rei foi Garcia I, filho de Afonso Magno, rei das Astúrias. Quando da morte de Afonso Magno, o reino das Astúrias foi dividido entre seus herdeiros, tendo Leão ficado para Garcia, Astúrias para Froila e a Galiza para Ordonho II.

Além das guerras civis entre herdeiros dos tronos ibéricos, o reino de Leão também enfrentou as ameaças dos mouros (dos vários califados e taifas islâmicos da península Ibérica) e até mesmo uma invasão viking: por volta do ano de 968 uma frota de 100 navios noruegueses, liderados por um certo Gundrod (possivelmente um irmão do rei Harald II, da Noruega) se instalou na costa da Galícia e durante três anos saqueou e pilhou diversas cidades, alcançando Compostela e assassinando o bispo Sisnando Menendez, responsável pela defesa da cidade. Os vikings foram finalmente derrotados por um exército trazido pelo Conde Gonzalo Sánchez em 970. Gundrod e seus guerreiros remanescentes foram executados pelo conde após a batalha, e seus navios foram incendiados. Poucas invasões vikings ocorreram depois disso, e nenhuma tão bem-sucedida quanto a Gundrod.
Quanto às guerras contra os mouros, é digno de nota que, em 1085, após um cerco que durou cerca de 2 meses, Alfonso VI, rei de Leão e Galícia, conquistou a cidade de Toledo - esta foi a primeira cidade importante tomada dos muçulmanos no contexto da Reconquista, marcando o começo da expansão territorial dos reinos ibéricos e da retração de Al-Andalus.
Curiosamente, o mesmo Alfonso VI foi quem indicou Henrique da Borgonha (Burgúndia) para ser o Conde de Portugal (na época Portugal era apenas o Condado Portucalense). Henrique foi o pai de D. Afonso Henriques, o primeiro rei dos portugueses e, portanto, "bisavô" do Brasil.
O último rei de Leão, como um reino independente, foi Alfonso IX. Em seu reinado foi fundada a Universidade de Salamanca e as Cortes de Leão, o primeiro parlamento europeu com representação da população comum.
Com a morte de Alfonso IX, seu filho Fernando III, o rei de Castela, invadiu o reino de Leão e o anexou. O povo leonês não aceitou a dominação por Castela, e Fernando III precisou enfrentar alguns anos de revoltas e guerras de secessão.
Com o passar dos anos, a importância política de Castela foi crescendo e suplantando a de Leão (fato reforçado pelo predomínio da língua Castelhada sobre a língua Leonesa). Entretanto, por muitos anos ainda os dois reinos, embora unidos sob um mesmo monarca, manteriam moedas, leis e parlamentos distintos. Isto durou até a unificação nacional espanhola, na era moderna.
Atualmente, Leão faz parte da Comunidade Autônoma de Castela e Leão, no noroeste da Espanha.
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